quarta-feira, 12 de junho de 2013

A relação de confiança entre deficiente visual e cão-guia

Keegan, como é chamado seu labrador, é um cão-guia que já o acompanha há três anos. da Redação Um amigo fiel e verdadeiro pode, muitas vezes, ser o pai, a mãe, o irmão ou uma pessoa que você conhece desde criança. É este grande amigo que lhe apoia, ajuda e está ao seu lado em todos os momentos, sejam eles alegres ou tristes. Não importa a idade, todos possuem um irmão de coração, um amigo para todas as horas. Para Marco Luis da Rocha, 50 anos, este amigo é um cão. Keegan, como é chamado seu labrador, é um cão-guia que já o acompanha há três anos. Seja para fazer um passeio a pé, enfrentar um ônibus cheio ou almoçar em um restaurante, Keegan está sempre ao seu lado para guiá-lo e substituir a visão, perdida há oito anos. Marco Luis vive em São José, mas viaja por vários locais do Estado para discutir a questão da acessibilidade nos municípios. Na última sexta-feira, 7, ele esteve em Gaspar pela primeira vez e acabou chamando a atenção de todos que o viam conversando com o cachorro. Keegan já faz parte de sua rotina há três anos, quando Marco descobriu uma ONG dos Estados Unidos especializada em treinar cães e disponibilizá-los para portadores de deficiência visual. “Eu me inscrevi no site desta entidade e eles vieram até o Brasil para me entrevistar. Logo depois, viajei para os Estados Unidos e eles me deram o meu cão guia”, destaca. O labrador foi treinado por um ano em Nova York, e por isso obedece apenas a comandos em inglês. “Posso falar qualquer coisa em Português que ele não me obedecerá, mas em Inglês ele entende tudo. Como eu também já sabia falar este idioma foi muito fácil se adaptar”, explica Marco. Embora Keegan tenha trazido somente coisas boas para sua vida, ele confessa que precisa enfrentar alguns problemas. Isto porque muitas pessoas ainda não aceitam a ideia de um cachorro entrar em restaurantes ou mercados, por exemplo. “É necessário que as pessoas entendam que ele é um cão treinado, que não vai sujar ou bagunçar nada. Ele está ali para ser meus olhos”. A Lei Federal 11.126/2005 e o Decreto Federal 5.904/2006, garantem a entrada com o cão-guia em todos os ambientes de uso coletivo como restaurantes, shoppings, aeronaves, supermercados e ônibus. Uma nova vida A chegada de Keegan na vida do homem de 50 anos foi em um momento oportuno. Portador de deficiência visual desde os 42 anos, quando um médico lhe passou um colírio errado que cegou suas duas visões, Marco precisava andar com uma bengala. Porém, as dificuldades que enfrentava diariamente eram muitas, devido às más condições das calçadas. “Eu sofria alguns acidentes, mas o mais grave aconteceu quando eu caí e fraturei a perna, cabeça e quebrei os dentes. O médico disse que eu não poderia mais utilizar a bengala”, lembra. Desde que passou a viver diariamente com seu querido labrador, nenhum acidente lhe aconteceu. Além disso, Keegan lhe trouxe uma nova vida, cheia de sonhos e anseios de um futuro melhor. “Ele mudou a minha vida. Hoje, sinto-me de novo capaz de começar a trabalhar e enfrentar novos desafios, pois estou seguro com ele”. Marco está terminando seus cursos de informática e digitação para que, em breve, possa voltar a trabalhar, algo de que sente muita falta. Prisma Acessibilidade Apesar das dificuldades, Marco Luis resolveu criar uma entidade que pudesse ajudar pessoas que possuem a mesma deficiência que ele. No ano passado, ele fundou a Prisma Acessibilidade, uma entidade que visa apontar as dificuldades de acessibilidade a portadores de deficiências físicas e visuais e lutar pelos direitos destas pessoas. “Viajo pelo Estado para divulgar este trabalho e buscar soluções para os problemas dos portadores de deficiência”, explica. Em cada município de Santa Catarina ele pretende nomear um representante que possa denunciar a falta os problemas relacionados à acessibilidade. Em Gaspar ele ainda não chegou a fazer contatos, mas já observou problemas nos passeios públicos encontrados também em outras cidades. Dados De acordo com o Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social, IRIS, existem no Brasil menos de 30 cães-guia, sendo que o número de deficientes visuais é de aproximadamente 1,2 milhão, segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. As estatísticas internacionais demonstram que de 1% a 2% dos deficientes visuais utilizam cão-guia. Isso mostra que, no Brasil, o número estimado de potenciais usuários seria de 12 a 24 mil pessoas. fonte Rádio Sentinela

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