segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Planetário convida pessoas com deficiência visual a explorar o céu
O planetário é similar a uma grande maquete, com um metro de diâmetro, e
dividido em duas semiesferas, que representam os hemisférios Norte e Sul
celestes.
O planetário é similar a uma grande maquete, com um metro de diâmetro, e
dividido em duas semiesferas, que representam os hemisférios Norte e Sul
celestes.
Uma simples visita a um planetário nos propõe uma viagem, antes de tudo,
visual, pelas estrelas, com observações do céu em telescópios e
simulações cinematográficas
de constelações, cometas e outros corpos celestes – uma experiência
impressionante, sem dúvida, mas que pouco pode ser vivenciada por
pessoas com deficiência
visual. Um grupo de astrônomos da Universidade Estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho (Unesp), porém, desenvolveu uma nova proposta de
planetário desatrelada
do sentido da visão, em que se usam as mãos para conhecer nossos céus.
O físico Claudio Luiz Carvalho, pesquisador da Unesp e coordenador do
projeto, explica que a ideia é incluir os deficientes visuais na difusão
de conhecimento
sobre astronomia e explorar conceitos que podem ser absorvidos por meio
do tato. “É difícil encontrar informação sobre astronomia em livros em
braile,
então o planetário pode ser uma ótima oportunidade para uma pessoa com
deficiência visual conhecer mais o assunto.”
O planetário, montado em uma sala da Unesp, é similar a uma grande
maquete, com um metro de diâmetro, e dividido em duas semiesferas, uma
representando
o hemisfério Norte celeste e a outra, o Sul. “As duas ‘abóbodas
celestes’ estão fixadas à parede de modo que o visitante possa ficar
debaixo de cada uma
e tocá-las, sentindo o posicionamento de cada astro no céu”, explica
Carvalho.
A proposta é que o visitante se posicione debaixo de cada semiesfera,
fixada na parede, para conhecer, por meio do toque, a posição das
estrelas e constelações
no céu.
A proposta é que o visitante se posicione debaixo de cada semiesfera,
fixada na parede, para conhecer, por meio do toque, a posição das
estrelas e constelações
no céu.
Estrelas em alto relevo
A princípio, o planetário foi construído para representar o céu noturno:
as estrelas e constelações são simbolizadas por miçangas de tamanhos
diferentes,
de acordo com o seu brilho. O visitante poderá identificar as
constelações na noite estrelada: “O Cruzeiro do Sul, por exemplo, tem a
forma de uma cruz;
então disponibilizamos as miçangas de maneira que constituíssem uma cruz
para que os visitantes pudessem senti-la”, esclarece Carvalho. “Além dos
nomes
e formas das constelações, também é possível identificar a localização
das estrelas, a partir da inscrição dos pontos cardeais nas bordas das
esferas,
tudo em braile.”
O grupo ainda planeja a construção de semiesferas para representar o céu
diurno, com a reprodução do movimento aparente do Sol e dos planetas.
“Esse movimento
será feito em alto relevo, assim como as representações do Sol e dos
planetas, dando ao deficiente visual a oportunidade de entender esses
fenômenos”,
ressalta o físico.
Por enquanto, o novo planetário tátil está em fase de testes, para que
os pesquisadores possam observar as reações de voluntários e a
dificuldade de identificação
dos corpos celestes e, assim, melhorar a experiência dos futuros
visitantes. “Realizamos testes com dois cegos, que conseguiram
identificar satisfatoriamente
as estrelas e constelações e agradeceram pela experiência nova”,
comemora Carvalho.
O projeto do planetário contou com a ajuda do educador Eder Pires
Camargo, também da Unesp. Ele é deficiente visual e tem um longo
histórico na luta pela
inclusão escolar de alunos cegos.
A expectativa do grupo é que, no futuro, a instalação receba
regularmente a visita de escolas da região. “Já estamos em contato com a
Secretaria de Ensino
para agendar a visita de escolas quando os testes forem concluídos, pois
acreditamos que o planetário será uma experiência muito interessante
tanto para
alunos cegos quanto para os que não possuam deficiência visual”, destaca
Carvalho.
Fonte: Ciência Hoje
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