sábado, 1 de novembro de 2014
Aplicativo que dá independência a pessoas com deficiência visual no cinema é testado
Foto de Aguinaldo testando o aplicativo na sala de cinema
Aguinaldo Pestana, 52 anos, tem deficiência visual desde 1997, quando levou um tiro durante um assalto em São Paulo. A bala, que atravessou sua cabeça,
danificou seu nervo óptico e lhe tirou totalmente a visão. Depois de 17 anos, o contabilista diz ser 95% independente, graças à tecnologia. Com seu smartphone,
ele consegue escolher a roupa, acertar o caminho de casa, conversar com os amigos por mensagem de texto, pagar contas, fazer compras...
Nesses 5% de dependência está a tarefa de ir ao cinema. Para entender o que está na tela, além dos diálogos dos personagens, é preciso contar com a boa
vontade de quem está ao lado para descrever o contexto das cenas. "É muito difícil que a pessoa ao seu lado tenha paciência de te contar o que está se
passando na tela", diz ele ao UOL. Mesmo quando há vontade do acompanhante, corre-se o rico de ouvir muitos "shius" e "psius".
O problema de Aguinaldo e de outras pessoas com deficiência visual, no entanto, está mais próximo de ser resolvido, pois já existem aplicativos que permitem
que a audiodescrição do filme seja baixada em smartphones e tablets antes da sessão. O site UOL convidou Aguinaldo para testar o
MovieReading Site externo. ,
em uma sessão do filme brasileiro "A Despedida", de Marcelo Galvão, presente na programação da Mostra de São Paulo. O recurso ainda está em fase de testes
e o filme de Galvão foi o único do evento a aderir à novidade. Disponível para as plataformas Android e iOS, o aplicativo e o áudio podem ser baixados
gratuitamente.
Como funciona
Recomenda-se que o download do aplicativo e da audiodescrição do filme seja feito em casa para não depender da conexão da sala do cinema. É aconselhável
ainda um teste simples de compatibilidade, que deve ser feito em frente a um computador com auto-falantes. Para a sessão, o usuário precisará de fones
de ouvido com microfones. As instruções acompanham o aplicativo.
Desenvolvido na Itália, o programa tem o mesmo princípio do Shazam, que reconhece músicas gravadas e que, em alguns casos, reproduz a letra das canções.
No caso do MovieReading, a audiodescrição é sincronizada à obra assim que o microfone do dispositivo reconhece o áudio do filme.
O narrador descreve o que é importante para cena e perceptível apenas aos olhos, como "ela acende um cigarro e se senta perto da janela", ou "ele amarra
o cadarço do sapato preto e caminha até a porta". A audiodescrição não é novidade no Brasil, mas sua inclusão em sessões de cinema ainda é pouco prática.
Antes do aplicativo, um narrador precisava de um espaço para narrar o filme ao vivo, com transmissão para fones de ouvidos distribuídos antes da sessão.
Avaliação do aplicativo
Aguinaldo permaneceu calado durante toda a sessão, mas reagiu assim que o letreiro subiu pela tela da sala. "Decidi que ia avaliar o aplicativo de acordo
com o número de perguntas que precisaria fazer para entender o filme. Não precisei fazer nenhuma", explicou ele.
Na mesma sessão ainda estavam outras três pessoas com deficiência visual. Entre eles, Paulo Romeu Filho, que cuida do
Blog da Audiodescrição Site externo. .
"As pessoas que nos acompanham nas sessões – amigos, familiares – também querem prestar atenção no filme. Muitas vezes pergunto o que está acontecendo
e recebo como resposta: 'peraí que já te conto'. Sem a audiodescrição, provavelmente sairia irritado do filme".
Fonte:
UOL Site externo.
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