terça-feira, 22 de julho de 2014
Caixa Cultural Fortaleza apresenta espetáculo para todos os olhos
Boneca de O som das cores: por meio da técnica de manipulação direta, atores do grupo dão vida aos personagens
Em 2002, o ilustrador e escritor taiwanês Jimmy Liao lançou um de seus maiores sucessos, o livro "O som das cores". Na história, uma menina, cuja visão
está desaparecendo gradualmente, lança-se em um passeio pelo metrô, acompanhada de seu cão.
Ao longo da jornada, ela usa a imaginação para construir aventuras e possibilidades - como aprender a linguagem dos golfinhos e observar nuvens enquanto
descansa no dorso de uma baleia.
Premiado, o livro inspirou filme, série de TV e peça de teatro, além de ter sido publicado em diferentes países. Em 2009, uma edição espanhola chegou às
mãos de Lelo Silva, cofundador da companhia mineira Catibrum Teatro de Bonecos, como presente de uma amiga.
Encantado pela obra e inspirado pela maneira como Liao contava a história pelas imagens, Lelo decidiu elaborar um espetáculo baseado na obra. No processo,
agregou ainda outras referências, como poemas de "O Livro das Imagens", do escritor tcheco Rainer Maria Rilke (entre eles O Cego).
O resultado foi O som das cores, que chega nesta quinta (24) a Fortaleza para breve temporada na Caixa Cultural. Na dramaturgia construída pela Catibrum,
a protagonista chama-se Lúcia, uma menina de 15 anos que acaba de perder a visão.
Pensando que seu cachorro havia fugido com seus olhos, a jovem sai à procura deles pelos subterrâneos das estações de metrô.
A partir da técnica de manipulação direta (quando os atores manipulam os bonecos pegando neles diretamente), os integrantes Daniela Perucci, Leandro Marra,
Patrícia Rache e Aurora Majnoni dão vida aos personagens da trama. Nesse caso, o grande desafio é encontrar sintonia e naturalidade suficientes para que
eles pareçam realmente autônomos no palco.
Desafios
A tarefa parece ter sido cumprida com louvor. Delicado e bonito, "O som das cores" passa longe de um formato excessivamente infantilizado - ou seja, mostra-se
uma boa pedida tanto para crianças quanto para adultos.
Ao longo da concepção e dos ensaios, os manipuladores passaram por vários exercícios com olhos vendados. O objetivo era experimentar a sensação de não
dispor do sentido da visão e, a partir daí, tentar traduzi-la em um repertório corporal para, depois, passar isso aos bonecos.
Outro desafio foi sincronizar toda a movimentação com a fala dos personagens, feita ao vivo. Nesse caso, segundo os atores do grupo, novamente os ensaios
têm papel fundamental. Nas palavras de Lelo, ator e diretor do espetáculo, ele "confirma como a magia do teatro de animação pode ser transformada em uma
trama envolvente".
Audiodescrição
Ao longo de sua jornada, Lucia precisa enfrentar seus medos e inimigos e desafiar sua própria mente. Ela quer recuperar a visão, mas para isso, necessita
ver o mundo com outros olhos. Nas apresentações em Fortaleza, um diferencial é a disponibilização de aparelhos de audiodescrição, que garantem a acessibilidade
do espetáculo a portadores de deficiências visuais.
Além do texto, da técnica e do apuro visual na construção de bonecos e cenários, destaque ainda para a trilha sonora, assinada pela banda Graveola e o
Lixo Polifônico, também de Belo Horizonte, cujo trabalho não deixa de ser marcado pela experimentação, entre outros aspectos.
Currículo
Fundada em 1991, em Belo Horizonte, a Catibrum Teatro de Bonecos tem a proposta de pesquisar manifestações da cultura popular brasileira e divulgá-las
através dos títeres. O Dragão Que Queria Ver O Mar foi seu primeiro espetáculo, seguido por outros como Andanças" e "Malasarte.
Desde 2000, o grupo promove o Festival Internacional de Teatro de Bonecos, em Belo Horizonte, com objetivo de apresentar diferentes técnicas do teatro
de animação.
Serviço: O Som das Cores
Local: CAIXA Cultural Fortaleza
Endereço: Av. Pessoa Anta, 287, Praia de Iracema
Data: 24 a 27 de julho de 2014
Horário: quinta-feira e sexta-feira às 15h e sábado e domingo às 17h
Classificação indicativa: Livre
Duração: 50 minutos
Valor do ingresso: R$ 10,00 inteira e R$ 5,00 a meia entrada
A venda dos ingressos será iniciada duas horas antes do espetáculo
Acesso para pessoas com deficiência e assentos especiais
Informações: (85) 3453-2770
Fonte: Diário do Nordeste
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