quarta-feira, 4 de junho de 2014
Entorno dos estádios da Copa preocupa pessoas com deficiência
Obras de mobilidade que poderiam melhorar a acessibilidade não
terminaram, diz promotor.
Da Redação
Apesar da previsão de um percentual mínimo de assentos destinados a
pessoas com deficiências nos estádios, entidades que defendem os
direitos de quem tem
mobilidade reduzida estão preocupadas com o acesso a estádios e eventos
durante a Copa do Mundo. Chegar ao estádio com facilidade e segurança
pode ser
um desafio para quem quiser acompanhar os jogos do Mundial.
Para o gerente executivo da Asdef (Associação de Deficientes e
Familiares de Recife), Normando Vitorino, chegar à Arena Pernambuco pode
ser mais problemático
do que se locomover dentro do estádio ao jogo. Ele diz que o local tem
vagas em estacionamento em número adequado, mas a maioria das pessoas
não vai de
carro para o estádio.
— A estação de metrô fica um pouco distante do estádio, então a minha
preocupação é se esses ônibus que farão a integração terão
acessibilidade para cadeirantes
e pessoas no geral que demandam de acessibilidade maior.
De acordo com a Secopa (Secretaria Extraordinária da Copa) de
Pernambuco, o serviço de vans do Projeto PE Conduz estará disponível nos
dias de jogos para
transportar pessoas com mobilidade reduzida do metrô e de pontos de
estacionamentos até o estádio. Para Vitorino, a situação das pessoas com
deficiência
na Copa não será diferente do dia a dia.
— Se hoje você tem uma dificuldade de acessibilidade no transporte
público, no cotidiano de todas as cidades brasileiras, eu não imagino
que vamos encontrar
para a Copa uma situação mais favorável do que encontramos no dia a dia.
A presidente da Abadef (Associação Baiana de Deficientes Físicos), Luiza
Câmera, foi para a inauguração da Arena Fonte Nova, em Salvador, e
considerou
o estádio adequado no quesito acessibilidade. Porém, ela ficou
preocupada com o entorno da arena e o acesso das pessoas com deficiência
por meio do transporte
público.
— Temos um número significativo de presença dessas pessoas que vão
querer assistir aos jogos, não vão querer estar excluídos. E a inclusão
social não é
só fazer a rampa, é estar lá, participar.
A dificuldade de acessar o estádio também é observada pelo promotor de
Justiça Moacyr Rey. Ele diz que a acessibilidade nos estádios da Copa
está contemplada,
mas o entorno das arenas e o acesso até o estádio continuam com as
deficiências que sempre existiram.
— As obras de mobilidade que poderiam melhorar a acessibilidade ainda
não terminaram, e a acessibildiade já é ruim por si só, então somaram-se
duas circunstâncias
ruins. A vitrine dentro do estádio está ok, mas e o resto?
Segundo ele, em alguns lugares, a ida dos torcedores com deficiência até
os jogos será facilitada com o transporte gratuito para o estádio, mas
isso só
resolve o problema provisoriamente.
— Fora da Copa, em outros eventos, essa estrutura não funciona tão a
contento, então a pessoa tem que se deslocar sozinha. E nesse percurso
até o estádio
ainda tem problemas.
A deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) está acompanhando de perto o
andamento das obras de mobilidade em estádios e aeroportos para a Copa
do Mundo.
Ela diz que recebe reclamações de entidades de diversos estados
relatando problemas na acessibilidade aos estádios, principalmente
relacionados ao entorno
das arenas.
— Não basta fiscalizar o estádio, o entorno, as calçadas que me
preocupam, como as pessoas com deficiência vão chegar no estádio.
Para a superintendente do IBDD (Instituto Brasileiro dos Direitos da
Pessoa com Deficiência), Teresa Costa d'Amaral, o Rio de Janeiro
continua tendo dificuldades
de acessibilidade em transportes, restaurantes, hotéis e casas de shows.
Em relação ao Maracanã, ela critica a falta de soluções para
estacionamentos.
— A questão da acessibilidade, para se tornar efetiva, deve ser
incorporada à rotina de serviços e políticas públicas. Eventos e jogos
não mudam o padrão
dos governos de negar à pessoa com deficiência o acesso aos seus
direitos básicos como cidadã brasileira, mas essa realidade está
evidente em todo o País.
Para ela, a Copa não deixará legado para a população, assim como os
Jogos Parapan-Americanos.
Segundo o COL (Comitê Organizador Local), foi adotada, em colaboração
com as sedes, uma política de alocação de vagas para pessoas com
deficiência nos
estádios. As vagas de estacionamento para esse público são limitadas, e
as credenciais veiculares devem ser obtidas nos centros de ingressos das
sedes,
mediante comprovação da deficiência. Em Salvador, não foi possível
encontrar um estacionamento próximo ao estádio, então a sede irá prover
o transporte
do Shopping Barra até o portão de entrada da arena. "Além das vagas
oferecidas pelo COL, a grande maioria das sedes proverá serviço de
transporte para
pessoas com deficiência de um determinado ponto até o estádio”, diz o
comitê.
Em caso de dúvidas sobre as credenciais veiculares, os torcedores podem
entrar em contato pelo e-mail
enquiries@2014ftc.com.br
e telefone 0300
021 2014.
fonte:r7
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