sábado, 5 de abril de 2014
Historinhas para ler e ouvir: Coleção Braillinho Tagarela
Fundação Dorina Nowill
03/04/2014
Projeto inovador e inédito no Brasil tem livros infantis inclusivos, com canetas de audiodescrição, produzidos pela Fundação Dorina. 30 mil exemplares
foram distribuídos para três mil instituições brasileiras
Priscila Saraiva
A Fundação Dorina Nowill para Cegos apresenta oficialmente na Reatech 2014 o projeto “Braillinho Tagarela”. Direcionado às crianças com deficiência visual
– cegas ou com baixa visão – a iniciativa é inédita e contou com a participação dos frequentadores mirins da instituição. Na feira, o espaço da Fundação
Dorina está na Rua 300, estande 305.
A coleção “Braillinho Tagarela” é composta por 10 novos títulos infantis impressos em tinta e braille e acompanhados por Pentop, canetas sensoras e interativas
que funcionam por aproximação. O leitor passa a Pentop sobre uma etiqueta inserida nas páginas e é iniciada a audiodescrição, ou seja, reproduzem em som
estéreo a descrição de todas as imagens e textos contidos nos livros.
Estima-se que o projeto beneficie cerca de 50 mil crianças com ou sem deficiência visual em todas as regiões do Brasil. Para isso, foram produzidos 20
mil exemplares que estão disponibilizados em duas mil escolas públicas e bibliotecas da cidade de São Paulo; e 10 mil exemplares destinados a mil instituições
no restante do país.
Livros inclusivos
Para a concretização do Braillinho Tagarela foi dada atenção especial às ilustrações que ganharam relevo braille, desenhos e textos impressos em tinta,
com fonte ampliada no tamanho 24 negrito e também em braille. Estas características são típicas de livros inclusivos, pois sendo este um material acessível,
permite a redução do preconceito contra as pessoas com deficiência visual e a integração de professores e alunos e entre as crianças que enxergam e as
que não enxergam.
“O Braillinho Tagarela adotou o conceito de inclusão total, ou seja, é uma coleção composta por livros inclusivos que permitem a leitura comum entre crianças
cegas, com baixa visão e que enxergam. A Fundação Dorina é a primeira no Brasil a produzir livros inclusivos desta maneira”, explicou o superintendente
da Fundação Dorina Nowill para Cegos, Adermir Ramos da Silva Filho. “O resultado de um trabalho realizado junto ao principal público alvo foi além do esperado
por permitir essa integração e maior interação entre alunos, pais e professores”.
Participação mirim
A colaboração das crianças que frequentam a Fundação Dorina foi essencial. Foram elas as responsáveis pela escolha de histórias e títulos publicados e
também foram relevantes ao validar a audiodescrição e o material final. Após pesquisas de interesses aplicadas aos pequenos, e aos seus familiares, foram
identificados quais os temas teriam destaque.
Representantes de escolas e bibliotecas beneficiadas pelos projetos de incentivo à leitura também foram consultados. Nesta ação foram apontados como os
gêneros e temas preferenciais os contos de fadas, a aventura, a comédia, a poesia, a arte, ficção, suspense, folclore, lendas, esportes, separação dos
pais, meio ambiente, trava-língua, reciclagem e sustentabilidade.
Produção do Braillinho Tagarela
Toda a coleção foi desenvolvida na Fundação Dorina, considerada uma das maiores imprensas braille do mundo. Na instituição também foram feitas as audiodescrições.
Enquanto uma equipe de editores e ilustradores trabalhava na parte gráfica dos livros, os profissionais de Produtos Radiofônicos transformavam todo o conteúdo
ilustrado em áudio. Eles produziram os roteiros de audiodescrição das ilustrações e todo o processo editorial de som para as imagens dos livros. As ilustrações
foram narradas por ledores profissionais, com todo um processo que proporciona clareza e o equilíbrio da voz durante as narrações. Após isso, os conteúdos
são transportados à caneta Pentop.
Cada página dos livros tem uma etiqueta com a audiodescrição acionada quando a caneta sensora é encostada. Um outro detalhe também conta nesta produção:
todos os livros em foram produzidos com papel de reflorestamento. A coleção é formada por um kit com 10 títulos infantis, impressos em tinta-braille e
letra ampliada e caneta Pentop, além de Dicas de Uso e Manual de Utilização.
Produto final do Braillinho Tagarela
Para se chegar ao material final da coleção Braillinho Tagarela foram levados em consideração os seguintes critérios e métodos:
• Seleção de temas educativos e de interesse das crianças;
• Consulta a educadores e outros profissionais para a seleção de temas;
• Uso de formato Tinta-Braille para atender às crianças cegas e às que enxergam;
• Uso de ilustração em Braille para uma maior riqueza e precisão na adaptação e compreensão do leitor com deficiência visual;
• Uso de fontes ampliadas para atender plenamente a todos os graus de visão subnormal;
• Desenvolvimento de ilustrações adequadas ao tema e à acessibilidade;
• Validação do roteiro da audiodescrição por crianças com e sem deficiência visual garantindo a efetividade da informação e inclusão.
Títulos publicados
• O Clube da Troca (autora Ana Cristina Melo / ilustrações Mônica Fuchshuber)
• Cavalinho de balanço (autora Jacira Fagundes/ ilustrações Monika Papescu)
• Lesma no metrô (autor Roberto de Carvalho/ ilustrações Taynã de Freitas)
• Hora de reciclar ideias (autora Sandra Pina/ ilustrações Begê)
• Vivinha ( autora Simone Bibian/ ilustrações Danilo Marques)
• As guardiãs da natureza (autora Simone Pedersen/ ilustrações Sandra Ronca)
• O mistério do porquinho (autora Simone Pedersen/ ilustrações Roney Bunn)
• Sofia soltou púm... de novo (autora Simone Pedersen/ ilustrações Osnei Roko)
• Nas asas da poesia (autora Simone Pedersen/ ilustrações Fabio Sgroi)
• Trava miolo (autora Simone Pedersen/ ilustrações Danilo Marques)
Viabilização do Braillinho Tagarela
Para que o projeto Braillinho Tagarela se tornasse uma realidade, foram utilizados recursos do FUMCAD - Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
da Prefeitura de São Paulo. Assim, duas mil escolas públicas e bibliotecas da cidade de São Paulo foram beneficiadas.
Em âmbito nacional, outras mil instituições também receberam kits do Braillinho Tagarela, por meio do PRONAC - Programa Nacional de Apoio à Cultura. Entre
as empresas que patrocinam via PRONAC estão IBM, Cielo, Banco Safra, CBMM, Eternit, SAMA, Mineração Curimbaba e Mineração Jundu. A realização é em parceria
com o Ministério da Cultura e o Governo Federal.
Sobre a Fundação Dorina Nowill para Cegos
A Fundação Dorina Nowill para Cegos atua há 68 anos facilitando a inclusão de crianças, jovens e adultos cegos e com baixa visão, por meio de serviços
gratuitos e especializados de reabilitação, educação especial, clínica de visão subnormal e programas de empregabilidade. A instituição é referência na
produção de livros e revistas acessíveis nos formatos braille, falado e Daisy, distribuídos gratuitamente para pessoas com deficiência visual e para mais
de 5 mil escolas, bibliotecas e organizações em todo o Brasil.
www.fundacaodorina.org.br
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