Pessoas com deficiência sofrem com as dificuldades de os locais turísticos no Brasil não serem adaptados para suas limitações. Essa realidade, no entanto,
está com seus dias contados. Exigência estabelecida pela FIFA, bilhões de dólares serão investidos para atender os requisitos de acessibilidade para a
Copa do Mundo de 2014 nos estádios; terminais aeroportuários, portuários, rodoviários e ferroviários e os polos de hospitalidade.
Para Regina Cohen, arquiteta e coordenadora do Núcleo Pró-Acesso da UFRJ, os pontos turísticos no Brasil deixam muito a desejar, pois nenhum deles é plenamente
acessível à pessoa com deficiência. Ela destaca ainda a existência de iniciativas positivas, mas aponta a necessidade de haver uma conscientização mais
ampla. “Os pontos turísticos devem incluir a todos, principalmente as pessoas com deficiência. Para isso, primeiramente, precisamos conseguir chegar ao
local por meio de um transporte acessível e seguro, com rotas acessíveis, informações em diversos formatos e sinalização adequada. O mais importante é
oferecer um momento de prazer e afeto pelo lugar que se visita. Para mim, que sou arquiteta e cadeirante, fico feliz da vida quando consigo ir aos lugares
com autonomia”, explica em entrevista ao Cieds.
De acordo com o Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 45 milhões de brasileiros disseram ter algum tipo de
deficiência, ou seja, quase 24% da população. Nos Estados Unidos, um adulto com deficiência gasta em média US$ 430, ou seja, um total de US$ 13,6 bilhões
por ano, de acordo com um estudo da Organização Portas Abertas (ODO, na sigla em inglês) publicado em 2002.
No Brasil, há uma carência de dados sobre a demanda e o comportamento desse consumidor no turismo. Mesmo assim existe um investimento por parte do governo
na acessibilidade para receber a Olimpíada e Paraolimpíada de 2016 na cidade do Rio de Janeiro. Segundo Marcos Pereira, chefe de gabinete da Secretaria
de Estado de Turismo, já existe um orçamento de R$ 150 milhões aprovado para as principais ações turísticas, além de uma verba de R$ 4 milhões para investir
na qualificação de profissionais, com alguma deficiência ou não, para o mercado de turismo no primeiro semestre de 2012. As informações foram disponibilizadas
no I Seminário Fluminense de Turismo Acessível, realizado no Rio de Janeiro no dia 15 de dezembro de 2011.
Nesse contexto, Regina acredita que o momento que o Rio de Janeiro vive deva ser aproveitado para criar uma dinâmica diferente nos projetos arquitetônicos.
Muitas das vezes os locais são projetados por pessoas que não entendem as particularidades da acessibilidade e acabam criando acessos perigosos para esses
turistas. Para ela, pessoas que já trabalham pensando e executando obras para pessoas com deficiência deveriam estar envolvidas nesse processo de criação.
“Há muito por fazer para darmos o exemplo e conseguirmos sediar estes eventos tão importantes. As obras estão acontecendo e vamos torcer para não perder
esta oportunidade única. Acima de tudo, precisamos que haja uma grande mudança de mentalidades que incorpore a acessibilidade desde o início nos projetos
que estão sendo desenvolvidos e em todas as reformas urbanas e arquitetônicas”, diz.
A expectativa é de que a acessibilidade esteja cada vez mais presente na pauta de discussão do Governo e das comissões responsáveis pela realização dos
eventos no país. No ano passado, foi realizado o 1º Congresso Brasileiro de Turismo Acessível em Socorro (SP) e a Embratur lançou o programa Turismo Sem
Limites, de abrangência nacional. Ambas as iniciativas debatem a acessibilidade para deficientes nos pontos turísticos em um esforço de promover o turismo
acessível no país.
O Cieds, vem desenvolvendo e executando projetos e programas para pessoas com deficiência desde 2003, e atualmente promove a capacitação de pessoas com
deficiência através de dois projetos: o Programa de Inclusão da Pessoa com Deficiência no Ambiente de Trabalho (PROIND) e o Inclusão, executados com a
Petrobras e a MERCK S/A, respectivamente.
*Matéria escrita por Layse Ventura, jornalista trainee do Departamento de Desenvolvimento e Comunicação do Cieds
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