quinta-feira, 22 de maio de 2014
Na Paulista, piso tátil para cegos acaba em parede e "oculta" metrô
Instalado há seis anos para orientar a passagem de pessoas cegas ou com baixa visão, o piso tátil das calçadas da avenida Paulista apresenta problemas
que podem confundir o pedestre.
Leandro Machado
Instalado há seis anos para orientar a passagem de pessoas cegas ou com baixa visão, o piso tátil das calçadas da avenida Paulista apresenta problemas
que podem confundir o pedestre.
“Ando bem porque já estou acostumado, mas o cego que vier pela primeira vez não vai achar o metrô”, diz José Rosaldo, 39, que é cego.
Ele desce na estação Brigadeiro e caminha, seguindo o piso, até a praça Oswaldo Cruz, onde trabalha como massoterapeuta.
O piso tem linhas retas em relevo para indicar ao cego trechos sem obstáculos (piso direcional). Quando há desvios para acessos ou barreiras, o relevo
é de bolinhas, o chamado piso de alerta.
Na sexta–feira (16), a Folha percorreu a avenida e não encontrou piso de alerta na entrada das três estações da via – uma das únicas da cidade com o equipamento
em quase toda sua extensão. Sem ele o cego não é avisado de que há uma entrada para a estação do metrô.
O equipamento foi instalado em 2008, durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD).
Os pontos de ônibus da área também não possuem essa sinalização de alerta.
No quarteirão do Conjunto Nacional, o piso desaparece. “Se a pessoa não tem muita experiência, como eu, fica desorientada”, diz a estudante de pedagogia
Camila Domingues, 23, em seu primeiro passeio na Paulista.
Moradora de Cotia, ela perdeu a visão há dois anos e faz aulas de mobilidade em uma associação de São Paulo.
“Achei o piso irregular. Em algumas partes ele segue bem, mas desvia demais, tem muito buraco e a bengala acaba presa”, afirma.
Em outros três pontos da avenida Paulista, o piso para cegos acaba em paredes, sem o relevo de alerta. “Assim a pessoa pode se assustar com a parede. Se
ele [deficiente visual] não usar a bengala adequadamente, pode sofrer um acidente”, afirma João Moraes Felippe, professor de orientação da Laramara (Associação
Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual).
Outro Lado
A prefeitura afirmou que fará uma vistoria na avenida Paulista para providencias os reparos necessários.
Segundo a prefeitura, não há orientação clara na ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para a instalação do piso tátil no país.
“Justamente por isso, os projetos tem se aperfeiçoado desde então”, diz a nota.
Sobre os desvios, a prefeitura diz que isso se deve aos obstáculos nas calçadas, como árvores e tampas.
A prefeitura diz ainda que o piso não foi colocado em frente ao Conjunto Nacional para não danificar a estrutura do prédio, que é tombado pelo patrimônio.
fonte:folha de sao paulo
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário