quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
13 de dezembro - Dia nacional do cego
Conquistas de quem mantém o colorido da vida mesmo sem a visão
Priscila Saraiva
O Dia Nacional do Cego, 13 de dezembro, é um dia para comemorar e
celebrar as conquistas e possibilidades das pessoas com deficiência
visual. Figuras como
Dorina Nowill, que dedicou sua vida à inclusão de pessoas cegas e com
baixa visão no Brasil, os talentosos cantores Ray Charles, Steve Wonder
e Andrea
Bocceli, além do humorista brasileiro Geraldo Magela, são verdadeiros
protagonistas de sua própria história. Estes são apenas alguns exemplos
de que é
possível ultrapassar a barreira de uma limitação e alcançar objetivos.
Estas pessoas ficaram famosas não por sua cegueira, mas sim por seu
talento e determinação
para realizar seus sonhos e objetivos.
Com luta, determinação e garra alcançaram o que a Fundação Dorina Nowill
para Cegos considera essencial na vida de uma pessoa com deficiência
visual: autonomia
e independência. Este foi um dos objetivos de Dorina de Gouvêa Nowill
quando ficou cega aos 17 anos e deu início ao que é hoje a instituição
com seu nome.
Em 67 anos, já passaram pela Fundação Dorina milhares de pessoas que
tiveram suas vidas e rotinas transformadas. E é com o foco de garantir a
cidadania,
que a organização atua para facilitar a vida de quem não tem a visão
como aliada e aprimoram os outros sentidos para executar atividades
diversas do dia
a dia e do trabalho.
A vida não perdeu a cor
Segundo dados do IBGE, há 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual
no Brasil e cerca de 1500 frequentam a Fundação Dorina, anualmente, para
receber
diferentes tipos de atendimentos. Laís Nascimento, 25 anos, é uma das
pessoas que conheceram a instituição como um caminho para sua
reabilitação após perder
a visão subitamente. Devido ao glaucoma diagnosticado logo que nasceu,
ficou cega aos 22 anos. De uma instante para o outro percebeu que sua
vida mudaria
totalmente.
“Estava trabalhando quando a pressão do meu globo ocular aumentou,
desmaiei e perdi a visão no mesmo momento”, explica. “Fiquei meio
desorientada, mas
recebi muito apoio da minha família quando soubemos que a vida seria
diferente”. Após detectar a perda da visão, os médicos sugeriram
intervenções cirúrgicas
com a tentativa de reaver resíduos visuais ou até mesmo recuperar a
visão de Laís. Foram feitas quatro cirurgias e, sem os resultados
esperados, Laís optou
por reavaliar a maneira como seguiria a vida e resolveu se adaptar a um
novo modo de viver.
“Entrei em uma fase de decisão e precisava escolher ‘fico parada ou vou
fazer alguma coisa?’ Foi quando minha mãe soube da Fundação Dorina e aí
sim tive
a resposta: vou fazer não só uma, mas várias coisas”, conta. “Frequento
a Fundação há 1 ano e meio e tudo que é oferecido eu me candidato. Fiz a
reabilitação
para aprender a me locomover sozinha pela cidade, fazer os cursos e
manter minha independência. Na Fundação Dorina, fiz o curso de
informática, de rotinas
administrativas e estou terminando o curso de Avaliação Olfativa para
Pessoas com Deficiência Visual”.
Laís é um dos exemplos de perseverança de quem não deixou que a vida
perdesse a cor ao perder a visão. Hoje, o olfato tomou conta de parte do
seu dia e
ela já sentiu o cheiro de mais de 500 fragrâncias e matérias primas. Ela
é a representante de turma no curso pioneiro de Avaliação Olfativa para
Pessoas
Com Deficiência Visual e tenta participar de todas as atividades
propostas pela instituição, tirando o máximo de proveito do aprendizado.
“Meu maior sonho
é voltar ao mercado de trabalho, então, todas as formas que percebo que
poderão enriquecer meu conhecimento, me envolvo e na Fundação Dorina
tenho tido
muitas oportunidade”, conclui Laís.
Despertando habilidades
A Fundação Dorina visa valorizar e ressaltar as habilidades das pessoas
cegas e com baixa visão com atendimentos especializados. Quem chega à
instituição
recebe todo apoio de uma equipe multidisciplinar de Serviços de Apoio à
Inclusão que propõe ações e acompanhamento para um cotidiano comum,
sempre respeitando
as limitações e interesses individuais. Pessoas com deficiência visual e
seus familiares recebem suporte para terem pleno conhecimento de suas
capacidades
e também despertam os outros sentidos para que as barreiras do dia a dia
sejam ultrapassadas.
Com a produção e distribuição de livros e materiais acessíveis –
impressão em letra ampliada, braille, livros em áudio e digitais – a
instituição promove
o acesso à informação, cultura, entretenimento e conhecimento
específico. Os serviços e atendimentos especializados buscam manter as
tarefas da vida diária,
como cozinhar, arrumar a casa, costurar, enquanto a orientação em
mobilidade garante mais segurança e independência na locomoção por onde
quer que o cego
deseje ir. E há também cursos de capacitação profissional, área que
busca a inclusão das pessoas com deficiência visual no mercado de trabalho.
Tornando o mundo mais acessível
Empresas que buscam atender de maneira acessível a todos os públicos
contam com consultoria e prestação de serviços da unidade de negócios
sociais Soluções
em Acessibilidade. Para que possam fazer parte de uma sociedade
igualitária, empresas buscam a área afim de transformar materiais em
formatos acessíveis,
como cardápios, bulas, embalagens de produtos diversos e outros;
consultoria técnica e treinamentos específicos sobre assuntos
relacionados à acessibilidade;
projetos de inclusão no mercado de trabalho; construção de projetos
sociais de responsabilidade social com isenção fiscal entre outros. Há
todo um trabalho
para que os diversos ambientes estejam preparados para receber pessoas
com deficiência visual.
Cultura acessível
Na instituição, o Centro de Memória Dorina Nowill, preserva a história
da luta das pessoas com deficiência visual no Brasil e conta como a
Fundação Dorina
está relacionada a este contexto. Há máquinas de escrever em braille de
1940 e também os modernos softwares que permitem o acesso à informação
às pessoas
com deficiência visual. O local é mais uma opção de roteiro cultural
acessível em São Paulo por ter sido desenhado em cima do desenho
universal, conter
audiodescrição, maquete tátil, piso tátil. Adultos e crianças podem
conhecer a exposição com o auxílio de educadores e audioguia. Todos os
textos de exposição
e legendas das peças expostas contam com versão em braille e fonte
ampliada, além da Pentop, um recurso inovador que permite a
audiodescrição das sessões
da exposição e maquetes.
Este é um espaço cultural que conta histórias e perspectivas sobre a
luta das pessoas com deficiência visual no Brasil. A exposição “E tudo
começou assim:
ações, projetos e histórias que mudaram a vida das pessoas com
deficiência visual” é uma viagem sensorial que inclui interatividade,
participação, recursos
sonoros, olfativos e auditivos, totalmente acessível para pessoas com
deficiência física e visual. A visitação é gratuita mediante
agendamento. A visita
também percorre parte da Fundação Dorina Nowill para Cegos e é possível
conhecer uma gráfica de materiais em braille, por exemplo.
fonte:fundaçao dorina
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