“Nós estávamos seguindo a guia na calçada e, de repente, nos deparamos com um poste. É inacreditável. Considero um desrespeito com os deficientes visuais.
Isso não pode acontecer”, avaliou o estudante.
Lucas Rodrigues
Calouro de medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Pedro Paulo Moraes Mathias, 25, sentiu na pele as dificuldades enfrentadas por deficientes
visuais durante trote solidário organizado pelos veteranos, nesta quinta-feira (14) no campus da Vila Clementino, em São Paulo.
Enquanto dava a volta no quarteirão da instituição com os olhos vendados, o jovem teve seu trajeto interrompido por um poste no meio da faixa de piso tátil,
na rua Pedro de Toledo. A atividade, feita com a caloura Cintia Cabral, 18, era parte do trote solidário.
“Nós estávamos seguindo a guia na calçada e, de repente, nos deparamos com um poste. É inacreditável. Considero um desrespeito com os deficientes visuais.
Isso não pode acontecer”, avaliou o estudante.
Trote solidário
No trote organizado pelos veteranos da Unifesp, os calouros devem realizar atividades adaptadas para deficientes físicos. Neste ano, a iniciativa contou
com partidas de tênis de mesa, volta pelo quarteirão com os olhos vendados e basquete de cadeirantes, onde os novatos puderam jogar uma partida com a equipe
da Adesp (Associação Desportiva de Pessoas com Deficiência Física).
José Sacerdote, 54, técnico do grupo, formado por paraplégicos, pessoas com sequela de poliomielite e outros traumas, conta que já é a segunda vez que
participam do trote solidário da Unifesp.
"É uma boa iniciativa, principalmente para os profissionais que queiram se aperfeiçoar na área", analisa. "Inclusive os cadeirantes que não puderam vir
ficaram chateados porque ano passado foi uma festa".
Outro convidado especial foi o campeão no tênis de mesa Luiz Henrique Medina, 61. Nascido sem os dois antebraços, a perna esquerda, a língua e o maxilar
inferior.
“É uma honra para mim ter sido convidado. Isso é bom para as pessoas saberem que existe outro mundo além do delas mesmas”, declara.
Os estudantes também aprovaram o evento. “A sensação é muito diferente, eu ouvi todos os barulhos dos carros, as pessoas conversando. Você começa a confiar
no seu guia, é bem legal”, diz Cintia Cabral, 18, caloura de fonoaudiologia.
Momento de interação
A caloura de medicina Andréia Santos, 20, aprovou o trote. “Ele é importante para a interação entre os veteranos e para conhecer pessoas que você vai acabar
lidando para o resto da sua vida na profissão”.
Andréia está ansiosa com a graduação. “Eu acho que daqui para frente o curso vai continuar respondendo a todas as expectativas que eu criei”, analisa.
“Passar aqui foi um sonho. Consegui na Santa Casa também, mas quem me conhece sabia que era aqui que eu sempre quis estar”.
A "bixete" de tecnologia oftálmica, Andrea Shiba, 27, conta que ficou emocionada com o depoimento de Medina. Shiba, que já havia começado o curso de medicina
veterinária na Universidade Federal de Lavras (MG), e decidiu mudar de curso se diz ansiosa.
“Está sendo melhor que eu esperava. Agora eu quero aproveitar ao máximo, tudo que eu puder, iniciação científica, pós, mestrado, doutorado”.
fonte uol
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