terça-feira, 26 de setembro de 2017

Deficientes visuais recebem treinamento para se locomoverem sozinhos nas ruas de Ariquemes

Cerca de 20 pessoas participam da ação e possuem o sonho da independência. Lucas, de 16 anos, consegue andar sozinho e auxiliar os participantes.
Por Jeferson Carlos, G1 Ariquemes e Vale do Jamari
Cerca de 20 pessoas com deficiência visual e baixa visão estão recebendo um treinamento especial para se locomoverem por conta própria pelas ruas de Ariquemes

(Foto: Rede Amazônica/Reprodução)
Cerca de 20 pessoas com deficiência visual e baixa visão estão recebendo um treinamento especial para se locomoverem por conta própria pelas ruas de Ariquemes

(RO), no Vale do Jamari. O curso é desenvolvido pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc), através da Coordenadoria Regional de Educação (CRE) do município

e possui participantes de todas as idades com o objetivo de incentivá-los a superar o medo e se tornarem independentes na locomoção.

A coordenadora de educação especial da Seduc, Nilta Braga comenta que entre os participantes, apenas um consegue se locomover sozinho pela cidade, pois

os outros ainda são dependentes de alguém que os ajude.

“Este curso é para empoderar as pessoas com cegueira e baixa visão à vida no dia a dia, poder andar, ir fazer compras, pegar um ônibus, ir sozinha ao mercado

ou uma consulta, coisas que eles não conseguem fazer. Com este curso eles vão conseguir fazer todas as atividades e terão o sonho da autonomia”, comenta.


A Maria Eduarda, de 12 anos, possui baixa visão e resolveu participar do curso para superar o medo e conseguir andar sozinha. “Minha maior dificuldade

são as cores e andar sozinha para lugares longes”, conta.

A estudante Franciele Rocha também tem o sonho de ser independente na locomoção e diz que o curso está sendo muito importante. “Andar na rua mesmo é uma

coisa que eu não faço sozinha, mas agora com as aulas, comecei a praticar e perder o medo para enfrentar esta dificuldade que eu sentia”, detalha.

Curso possui participantes de todas as idades com o objetivo de incentivá-los a superar o medo e se tornarem independentes na locomoção (Foto: Rede Amazônica/Reprodução)

O adolescente Lucas Eduardo, de 16 anos, perdeu a visão aos quatro anos por conta de uma catarata, mas com muita dedicação conseguiu superar as dificuldades

de não poder enxergar e se adaptou a nova rotina. Atualmente ele treina judô e por já conseguir se locomover sem a ajuda de ninguém, ele auxilia aos outros

deficientes visuais do curso.

“Eu acho que a independência é tudo, então a partir da hora que a gente toma a frente e sai sozinho sem precisar de ninguém para estar te guiando, isso

é muito importante. Então para quem está em casa e com medo de sair, não se limite ao medo e faça o curso com a gente para aprender a andar sozinho de

forma segura para sentir a liberdade”, destaca.

A coordenadora Nilta Braga, explica que por possuir muitos obstáculos presentes nas ruas do município, os participantes caminham por locais onde enfrentam

dificuldades para saberem conseguir superar os desafios encontrados no dia a dia.

“Estamos realizando o curso há alguns dias e temos observado que existem muitos obstáculos que dificultam a locomoção, como a falta de acessibilidade no

geral. Mas estamos trazendo eles para a dificuldade também, para que eles sintam como é cada obstáculo desse e consigam superá-los”, destaca.

A Érica Helena é psicóloga e trabalha há cerca de seis meses na prefeitura de Machadinho D’Oeste (RO). Ela possui deficiência visual, e se deslocou até

Ariquemes para participar do curso de locomoção e diz que a falta da visão não a impede de nada.

“A gente tem que estar sempre buscando melhorar e aprender, porque para todo mundo é assim, mas para as pessoas com deficiência visual total ou baixa visão,

a busca ainda é um pouco mais difícil devido à dificuldade de acessibilidade ou falta de recursos, mas não é impossível, tanto é que eu consegui me formar

e outras meninas terminaram o ensino médio ingressarão na faculdade logo. Tudo é um caminho a ser percorrido e nunca se deve ficar em casa e sentir medo”,

salienta Érica.
fonte g1

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