O general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército e atual assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do Palácio do Planalto, defendeu
a legalização de
medicamentos
à base de maconha.
Portador de ELA (
Esclerose Lateral Amiotrófica)
— doença neuromotora degenerativa, Villas Bôas também disse ver como uma “hipocrisia social” a dificuldade para obter o medicamento no Brasil.
O general da reserva foi diagnosticado com a doença em dezembro de 2016 e, com
perda dos movimentos
de forma acelerada, está sob o risco de perder a fala
“Eu não entendo por que ao mesmo tempo que tem gente lutando aí, defendendo a legalização da maconha, está tão difícil se obter esses medicamentos para
efeito medicinal.”, comentou Villas Bôas.
A história da maconha medicinal é feita de reveses – reflexo da política antidrogas encabeçada pelos EUA na década de 1970, que dificultou durante anos
os estudos com canabinoides. Esse cenário, no entanto, vem se alterando com o passar do tempo. Tanto que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda
agora não tratar o canabidiol, um derivado da erva, como uma droga.
Segundo a entidade, essa substância não provoca dependência e, assim, não merece um tratamento tão rigoroso. No entanto, a OMS reconhece que ainda não
há consenso sobre a eficácia desse agente terapêutico contra diversas doenças.
De acordo com dados de um levantamento feito pela agência de pesquisa de mercado e inteligência Hello Research, 59% dos brasileiros entrevistados são simpáticos
até mesmo quanto à liberação do THC – substância psicoativa presente na planta – para fins medicinais.
Talvez até como reflexo dessa maioria, em 2015 dois compostos da maconha foram liberados com esse intuito no Brasil. Em janeiro, o canabidiol (CBD) saiu
da lista da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
de substâncias proibidas no país e, em novembro, o THC também foi retirado por determinação da Justiça Federal do Distrito Federal.
Agora, quando o assunto é o uso recreativo da planta, 43% dos 1 200 entrevistados da pesquisa são totalmente contrários à descriminalização. O fato é que,
do ponto de vista da saúde, é diferente debater o uso medicinal da maconha em relação ao uso recreativo. Ao menos no primeiro caso, a ciência já dá amostras
de seu potencial terapêutico contra certas encrencas.
Doenças em que a maconha medicinal pode atuar
EPILEPSIA
O CBD aumenta a carga de anandamida em áreas da massa cinzenta. Ao se ligarem a receptores celulares, essas moléculas reduzem a superativação de circuitos
nervosos, que acarreta as convulsões.
ANSIEDADE
Combinados, CBD e THC agem em duas frentes. O primeiro eleva a concentração de anandamida no hipotálamo, no hipocampo e na amígdala. O segundo ativa os
receptores no córtex pré-frontal e (de novo!) na amígdala e no hipocampo.
ESCLEROSE MÚLTIPLA
Tanto o THC como o CBD participam aqui. Ao interferir em regiões que controlam a dor, bem como os movimentos (caso do cerebelo), inibem a passagem dos
impulsos por trás de desconfortos, espasmos e rigidez muscular.
DOR CRÔNICA
O corpo tem receptores para os canabinoides tanto no cérebro como nos nervos periféricos. Ao se ligarem a eles em áreas específicas, as moléculas da maconha
diminuem a transmissão dos sinais dolorosos.
Fonte:
Saúde Abril
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