sábado, 17 de outubro de 2015
Dificilmente teriam oportunidade', diz jovem que ensina a deficientes visuais
Isabelle Vita ministra aulas para um grupo de dez alunos com deficiência visual (Foto: Isabelle Vita/Arquivo Pessoal)
Aos 18 anos de idade, Isabelle Vita tem a rotina dividida entre aprender e ensinar. Durante a semana – no período noturno – ela cursa o segundo período
de Direito em uma faculdade particular de
Garanhuns,
no Agreste pernambucano. Aos sábados ela se dedica a lecionar em um curso de inglês para deficientes visuais no mesmo município. Isabelle ministra aulas
de forma voluntária para uma turma de dez alunos no Centro de Apoio Pedagógico à Pessoa com Deficiência Visual (CAP).
A jovem professora conta como se sente ao dar as aulas e o que a motiva a seguir com este projeto. “Para mim está sendo muito bom e prazeroso dar aulas
no CAP. Sei que se eles [deficientes visuais] procurassem cursos [de inglês], dificilmente teriam oportunidade. E constatar que eles realmente estão aprendendo
é muito gratificante. Percebi que muitos dos meus alunos já estão entendendo o idioma, inclusive alguns falam algumas frases em inglês”, disse Isabelle.
Isabelle Vita, professora de inglês, no Canadá (Foto: Isabelle Vita/Arquivo Pessoal)
Isabelle durante o intercâmbio no Canadá
(Foto: Isabelle Vita/Arquivo Pessoal)
As aulas de inglês do CAP tiveram início em agosto deste ano e - de acordo com Isabelle - a expectativa de duração do curso é de seis meses, mas há a possibilidade
de ser prolongada. Ela explica que o foco das aulas é a conversação, devido à deficiência dos alunos. “Primeiro falo para eles a palavra em inglês, depois
eles escrevem como entendem. Então, mostro o modo correto e depois eles escrevem em português, a fim de captar exatamente o que está sendo dado. Uns escrevem
em braile e outros usam o computador”, detalhou Isabelle.
A ideia do curso surgiu em um projeto idealizado por Isabelle na faculdade. O convite para lecionar no CAP veio por parte da gestora do órgão, Lenice Couto,
que é deficiente visual e tia da jovem professora. “Realizar essas aulas aqui é uma forma de promover a autonomia das pessoas cegas e com baixa visão.
Cada desafio que enfrentamos é sempre vencido quando somos oportunizados. Não há limites quando se quer aprender. É preciso que a sociedade compreenda
que a visibilidade tem que ser na pessoa e não na deficiência”, afirmou a tia.
Lenice também destacou que a realização deste curso é um passo a mais na luta contra o preconceito. "Antes de sermos cegos, somos pessoas. Cursos como
esses fazem com que nós andemos na contramão do grupo de pessoas que pensam que não podemos nada. E assim, nós vamos enfrentando desafios e vencendo os
preconceitos", ressaltou. Ela também disse que aproveitou a oportunidade para aprender o novo idioma. "Além de tia, agora sou aluna de Isabelle. Não podia
deixar de aproveitas essas aulas", brincou.
Intercâmbio
Isabelle Vita morou em Tourbay, localizada na província de Newfoundland - no Canadá -, entre agosto de 2013 e janeiro de 2014. Ela participou do Programa
"Ganhe o Mundo", criado pelo Governo de Pernambuco, para estudar em outro país. "Esse tempo que passei fora do Brasil foi um período de grande aprendizado",
disse.
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