quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Atores surdos protagonizam Alice no País das Maravilhas

Brena Artigas está caracterizada como Alice e interage com o cenário Um dos maiores clássicos da literatura, "Alice no País das Maravilhas" comemora 150 anos de publicação em 2015 e ganha uma adaptação teatral rara. Com um elenco composto por atores surdos, a peça será apresentada em Língua Brasileira de Sinais (Libras) pelo Signatores - único grupo profissional de atores surdos na região sul do país. O espetáculo fica em cartaz no Teatro do Centro Histórico-Cultural Santa Casa (Independência, 75), em Porto Alegre, até o dia 25 de outubro, sempre às 20h, e tem entrada franca (com distribuição de senhas uma hora antes da peça). A montagem é destinada a todos os públicos – até mesmo aqueles que não sabem Libras – pois haverá o acompanhamento de dois atores, que farão a narração dos acontecimentos e das falas. Não se trata de uma dublagem, com sincronia do movimento labial e a substituição de um idioma por outro. Trata-se de uma adaptação que torna a cena completa para aqueles que precisam dela. “Queremos promover uma peça de teatro onde as duas línguas dividem o mesmo espaço, pois temos na plateia os dois públicos: surdos e ouvintes”, explica a diretora Adriana de Moura Somacal. "Alice no País das Maravilhas" inverte a lógica de montagens para ouvintes com acessibilidade para surdos. Desta vez, o espetáculo é feito para surdos, com acessibilidade para ouvintes, criando um espaço de plateia compartilhada, onde a inclusão deixa de ser um conceito teórico para se transformar em prática. O objetivo é mostrar a Língua Brasileira de Sinais e torná-la visível. “E junto com esse movimento, estamos aqui para proporcionar ao público surdo uma das poucas situações onde o protagonista é surdo, onde ele está em evidência e, quem sabe, fazer com que ele, da plateia, consiga perceber a própria força e potencial”, completa Adriana. A peça transita por um universo fantástico, em que os personagens saltam das páginas dos livros para o palco. Os cenários e figurinos são compostos por gigantescas dobraduras de papel (origamis) que se transformam constantemente diante do público. Quem dá vida a Alice é a atriz negra Brenda Artigas. “Apresentamos uma nova Alice, sem a reprodução de um imaginário Disney ou até mesmo das ilustrações originais do Tenniel, que transformou a menina Alice de cabelos curtos e castanhos em uma personagem de cabelos compridos e loiros. Queremos promover um reencontro da plateia com o imaginário do País das Maravilhas. E provocar o público a pensar que existem muitas ‘Alices’, e que dentro de cada um de nós, somos todos ‘Alice’”, adianta a diretora. Fonte: Correio do Povo Site externo.

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